quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Samuel e Morris

Samuel e Morris Mokowitz e outros irmãos, nasceram em Budapeste. Quando Samuel conheceu Rosa, com quem veio a se casar, Morris ainda era moleque. A primeira filha de Samuel com Rosa, Bertha, chegou mais cedo do que esperavam. Como Samuel e Rosa ainda não tinham estrutura para manter o bebê pediram aos pais de Samuel para cuidar de Bertha. A menina viveu nesta casa por alguns anos até que Samuel conseguisse se firmar financeiramente. Com a família já reunida, Saumel e Rosa tiveram ainda em Budapest mais dois filhos, Carlos e Helena.

A retirada de bebê Bertha da casa de seus avôs, além de outros problemas pré-existentes, deixou marcas negativas na família. Morris, muitas décadas depois, pouco antes do seu falecimento, ainda relembrava que, apesar de sua pouca idade, gostava de cuidar e brincar com Bertha.

Posteriormente Samuel voltou a ter problemas financeiros, aparentemente seus negócios fracassaram em razão da onda anti-semita na Europa. Por orgulho não mais voltou a pedir ajuda a sua família. Decidiu tentar imigrar para os EUA seguindo o caminho de conhecidos. Nesta épóca porém a imigração para este país estava fechada e Samuel resolveu imigrar para o Brasil, deixando para mais adiante seus planos de ir para o eldorado americano, o que nunca aconteceu, pois o Brasil mostrou-se generoso para sua família.

Samuel em total segredo veio sozinho ao Rio de Janeiro e logrando, com ajuda de húngaros, estabelecer uma pequena atividade de antiquário, mandou vir também Rosa e seus 3 filhos. Nesta época ainda existiam nos arredores do Rio, localidades com peças portuguesa em prata e ouro que permitia Samuel alguma atividade lucrativa.

Samuel não teve mais contato com seus familiares e após as notícias das atrocidades cometidas contra os judeus na Europa, inclusive o massacre dos húngaros, concluiu que não havia mais sobreviventes na sua família.

Ocorre que Morris, que acreditava que Samuel ainda estava em algum lugar na Hungria, conseguiu também sair, primeiramente para Israel, onde não se adaptou, conseguindo depois ir para os EUA.

Muitos anos se passaram, talvez 30, tendo tanto Samuel quanto Morris que casou-se com Blanche, desevolverem suas famílias no Brasil e nos EUA, sem contatos.

Um amigo de infância de ambos, Rubstein, morando no Brasil e tendo contatos com Samuel, em viagem a New York, no tempo de muitas escalas, em uma delas, em Miami, cruzou com alguém que de relance achou parecido com Morris. A falta de certezaa e pressa da conexão, não permitiu Rubstein abordar o sujeito. Porém já em New York comprovou junto a comunidade húngara que realmente um dos Moskovics residia na Flórida.

Rubstein trouxe esta notícia para Samuel que ainda incredulo, encarregou seu filho Carlos, já um fotógrafo famoso no Brasil, em uma viagem que iria fazer aos EUA a procurar informaçoes sobre Morris. Em Miami Carlos buscou no catálogo telefônico por Mokovics, não encontrando nenhuma referência.

Em viagem seguinte a New York, Rubstein também procurou no catálogo de Miami e compreendeu porque Carlos não havia encontrado o que procurava. Morris alterou seu sobrenome, tipicamente como fizeram muitos imigrantes, de Moskovics para Mosk. Lá estava Mosk, Morris. Ainda assim, por ser ainda de madrugada, em torno das 5, resolveu ligar. Morris atendeu, acreditou em Rubstein diante de sua identificação e pediu para se manter no aeroporto, prometendo embarca-lo no mesmo dia em outro vôo pela tarde. Foi busca-lo, levando-o a sua casa, apresentando a sua família e enviando cartas e inúmeras fotos.

De volta ao Brasil, Rubstein surpreendeu Samuel com todo este material.

Foi preciso ainda algum tempo para o primeiro contato entre estes ramos da família. Um dos netos de Samuel, David, em viagem de intercâmbio na Flórida, fez um primeiro contato direto - o David, vai contar como foi...

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